Por Gilmara Vesolli, sommelière da Casa do Vinho - Famiglia Martini
Agora que já desvendamos como funcionam os quatro sentidos em uma degustação, vamos à parte prática.
Agora que já desvendamos como funcionam os quatro sentidos em uma degustação, vamos à parte prática.
Abra uma garrafa de vinho,
preferencialmente tinto, seco, fino e de qualidade. Use uma taça
transparente e bojuda, de cristal ou cristal misto. Não é frescura.
O cristal é mais transparente que o
vidro e não distorce a visão do vinho. Além disso ele é mais
áspero e ao girar o vinho em uma taça de cristal as moléculas
responsáveis pelos aromas “quebram”, liberando os aromas de
maneira mais fácil.
O bojo grande ajudará na distribuição
do ar pela superfície do vinho e consequente liberação dos seus
aromas.
E não esquecendo do tato, o contato
dos lábios com uma taça de cristal é muito mais agradável que
numa taça de vidro.
A ordem empregada em uma degustação
de vinhos normalmente é essa:
Análise visual, depois análise
olfativa e então gustativa.
Eu particularmente, não gosto de
empregar a palavra “análise”. Prefiro “observação”. Porque
no fundo, no fundo, quem sai analisado é a gente. Também gosto de
inverter a observação visual e a colocar em segundo lugar, depois
da observação olfativa.
A razão da inversão é simples: a cor
e outros aspectos visuais do vinho permanecerão ali até o final,
enquanto alguns aromas mais sutis poderão se perder enquanto você
observa a cor do vinho.
Também percebi que é mais complicado
sentir os aromas do vinho quando se mete o nariz todo dentro da taça.
Tente incliná-la até que o vinho chegue bem próximo à borda,
então coloque a ponta do seu nariz no lado oposto. Fungue várias e
rápidas vezes.
Isso pode exigir treino e camisas
escuras, mas o resultado costuma ser muito bom.
Se você já está com o vinho em mãos,
vamos adiante!
Antes de mais nada, incline a taça,
coloque seu nariz na posição e cheire. Procure esvaziar a mente.
Não tente nomear os aromas em um primeiro momento, apenas deixe-se
levar.
Procure memorizar as impressões
sentidas.
É comum que algumas pessoas sintam
apenas o cheiro de álcool. Ultrapassar essa barreira as vezes é um
pouco complicado, mas não impossível.
Pense nos aromas do vinho como uma
massa folheada. São várias as camadas de finíssima massa, uma
sobre a outra, juntando-se e formando uma coisa só.
Com os aromas acontece a mesma coisa. O
álcool é apenas a primeira folha ou camada. Alguns vinhos possuem
poucas camadas, outros, muitas.
Repita o processo de cheirar, fungando.
Observe se os aromas modificaram. Aposto que sim.
Lembre-se que o olfato cansa, então
não precisa exagerar.
Para treinar seu nariz, use-o no seu
dia a dia. Não perca a oportunidade de rasgar folhas de árvores,
cheirar temperos, entrar em contato com aromas misturados uns aos
outros, como em uma feira. Perceba os aromas que lhe agradam ou
desagradam, e porque. Observe como frequentemente associamos um aroma
a uma cena e que cada vez que seu nariz o sentir você será remetido
àquela cena.
Durante essa semana faça apenas essa
observação olfativa de todos os vinhos que você conseguir. Semana
que vem a tortura acaba e você finalmente poderá provar os vinhos.
Até lá!
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