Como prometido há dois dias, hoje falaremos sobre as etapas de uma degustação de vinhos. O mais importante de tudo que vamos falar é que essas atividades são um treinamento para os nossos sentidos e, quanto mais estimulados, mais entendimento do vinho você terá.
Envolve quatro atividades:
- Observação – usando os sentidos para perceber, identificar e mesurar os estímulos.
- Descrição – usar seu vocabulário para revelar as características do vinho.
- Comparação – comparar com vinhos de tipo semelhante usando como referência.
- Avaliação – Sintetizar todas as informações para julgar a qualidade do vinho.
Pode-se imaginar que os experts têm sentidos mais apurados, mas, na realidade, não tem. Nós nascemos com um número fixo de papilas gustativas e receptores sensitivos e é impossível multiplica-los. Poucos são super dotados – supertasters.
Você pode desenvolver a habilidade de decodificar as mensagens gustativas, aprendendo como seus sentidos trabalham e prestando atenção neles durante uma degustação. Além disso, um expert deve desenvolver uma metodologia, um vocabulário e um trabalho para avaliar, descrever e categorizar o vinho.
Vejamos como estes conhecimentos são aplicados na prática:
Ver um expert provando uma série de vinhos é instigante – Levanta a taça, inclina e olha. Gira e cheira. Prova (pequeno gole) e aspira (fazendo um ruído shiii...). Pausa. Cospe. Cheira, prova e cospe de novo. Anota informações da degustação e repete com o próximo vinho.
Quando você examina dois vinhos, também necessita comparar suas características: cor, corpo, final etc. A repetição das etapas ajuda a colecionar dados de cada vinho. Se você vê um especialista degustando, notará:
- quatro sentidos são usados: visão, olfato, gosto e tato. A metodologia do expert utiliza os sentidos ao ver, cheirar, provar (gole) e resumir a experiência além de seu cérebro.
- gira-se muito o vinho na taça pois seus aromas estão presos no líquido, dificultando sua percepção. Ao girar o vinho, você está ampliando a superfície e propiciando maior evaporação do álcool. A evaporação expande os aromas no ar onde seu nariz pode capta-los. Como os aromas representam 75% do caráter e da qualidade de um vinho, aprimorar seu olfato é essencial.
- São dois os objetivos para girar e movimentar o vinho na sua boca Primeiro, leva o vinho ao contato com as papilas gustativas que estão dispersas em sua língua, seu palato e sua garganta. Segundo, movimentar o vinho em sua boca é semelhante a girar o vinho na taça, a evaporação leva os aromas à passagem nasal que conecta seu nariz com a boca. Os sentidos colhidos através da boca são sabores e os que entram na passagem retronasal são aromas. Assim você pode qualificar como “cheirar” o vinho quando está em sua boca.
- o expert cospe o vinho. Assim mantém o cérebro livre do “fogo” de forma a apreciar com mais propriedade. Você pode praticar cuspindo na pia da cozinha.
- há uma pausa depois da primeira prova em torno de 15 segundos ou algumas respiradas, dando tempo para se formar uma imagem do vinho degustado. Também ajuda a relembrar. Imagine esta etapa como uma “gestalt”.
- Não se escreve nada depois do primeiro gole. Seu cérebro depois da cheirar e provar está sintonizado na área sensorial. Logo que você começa a verbalizar suas impressões, seu cérebro troca a sintonia para a área intelectual, dificultando detectar os estímulos adicionais.
- Não se fala, pois os comentários podem influenciar percepções. Quando um companheiro descreve um vinho como tânico antes de você formar sua opinião, estará mais inclinado a experimentar o vinho como tânico.
O que pode parecer complexo e complicado para a maioria nada mais é do que uma metodologia para conhecer profundamente o vinho que está sendo degustado. É o treinamento, a disciplina e a frequência que irão ajudar o amante do vinho ou o expert. Como dissemos anteriormente, o prazer em beber o vinho tem que estar sempre em primeiro lugar!
Mesmo sendo feito por profissionais eu acho que beber e cuspir algo muito irritante, esnobe.
ResponderExcluirAté pode ser em um grande evento onde vai ser degustar mais de 50 tipos de vinhos diferentes... Mas tem enochatos por aí que vão degustar uma garrafa e ficam cospindo o vinho.
Tem que lembrar que o vinho foi feito para beber e não cuspir!
Eduardo Barroca
Embora não seja das mais elegantes, essa providência serve manter intactas as faculdades de julgamento, sem receio de que o álcool afete a lucidez, confundindo ou sobrepondo aromas e gostos, e também para não fatigar os órgãos dos sentidos.
ResponderExcluirCaro Eduardo Barroca,
ResponderExcluirnosso outro leitor que não se identificou tem razão. Isto é um artifício importante para profissionais, já que a ingestão do álcool não pode atrapalhar a compreensão total do vinho.
Grande abraço e obrigado pela participação!