Por Luiza Martini, proprietária da Casa do Vinho - Famiglia Martini
Corte, Blend, Assemblage...
Corte, Blend, Assemblage...
Você provavelmente conhece ao mesmo um destes termos, mas
você sabe o que significa?
Em português dizemos que um vinho é um corte quando é feito
de mais de uma variedade de uva. Um clássico corte bordalês é composto
principalmente de uvas Cabernet e Merlot. No sul da França é comum combinar
uvas como Syrah, Grenache e Mouvédre. Os Chianti complementam a Sangioveses
(mínimo 70%) com Cabernet,Canaiolo e/ou pequenas quantidades de outras uvas
locais.
Mas porque fazer um corte? Como fazê-lo?
Definir um corte é uma arte e permite o enólogo exercer um
pouco, ou melhor, muito de sua criatividade. Ele exige muita habilidade para
conseguir o equilíbrio perfeito. Definir as quantidades é o momento mais
crítico e difícil do processo. As uvas são, geralmente, fermentadas
separadamente, e a ‘mistura’ das uvas pode ser feita antes ou depois do
envelhecimento em barris (quando for o caso). Algumas uvas demandam de períodos
diferentes de estágio em barricas. O processo feito anteriormente demanda ainda
mais do conhecimento do enólogo, pois não dá margem a erros. As provas são
feitas com os vinhos ainda muito jovens e é necessário imaginar como será o
resultado depois de todas as mudanças pelas quais ele passará durante o envelhecimento.
As uvas usadas na composição de um vinho, muitas vezes
dependem da regulamentação regional. Para que um vinho receba a denominação
local (DOC, AOC, etc) as uvas utilizadas tem que estar entre as permitidas e
dentro de um parâmetro de quantidades pré-estipuladas. Por exemplo, um
Chateuneuf-du-Pape usa até 14 uvas diferentes (entre brancas e tintas) em sua
composição, mas existem variações de quantidades e quais o produtor resolveu
usar no corte.
Curiosidade: você sabia que alguns vinhos podem ser corte,
mesmo que no rótulo conste apenas uma uva? Isto depende da legislação de cada
país. A quantidade de ‘outras uvas’ pode chegar a até 20%.
Algumas pessoas ainda questionam qual o melhor vinho, o
monovarietal (de uma só uva) ou o corte? Não existe resposta para esta
pergunta. Um casamento bem feito de uvas complementares pode proporcionar
vinhos complexos, de muitas camadas. Vinhos monovarietais exploram o que a
casta tem de melhor como os Barolos, Brunellos, Borgonhas e tantos outros. Não
se limite, experimente!
Para ampliar, clique na imagem
A sugestão da semana é um corte do Marche onde as uvas são
envelhecidas separadamente por períodos diferentes, coforme a necessidade de
cada uma.
Velenosi Brecciarolo Gold Rosso Piceno Superiore
DOC 2007
Região: Marche
Uvas: 70% Montepulciano, 30%
Sangiovese
Amadurecimento: afinamento
em barricas de carvalho novo por aproximadamente 24 meses.
Vermelho rubi com reflexos
granada. Bouquet intenso com toques de baunilha e frutas vermelhas. Palpitantes
notas de groselha, alcaçuz, tabaco, canela e noz-moscada. Na boca, seu sabor
persistente, quente e encorpado, faz este vinho marcante e harmônico ao mesmo
tempo.
Harmonização: pratos à
base de carnes assadas ou grelhadas com molhos vermelhos encorpados.
Teor alcoólico:
13,5°
Gambero Rosso: 2 Bicchieri
Rossi
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