Por Luiza Martini, sócia da Casa do Vinho – Famiglia Martini
De 22 a 30 de outubro, tivemos o prazer de levar e fazer
companhia a um grupo de brasileiros em um passeio inesquecível pelo norte de
Portugal.
Agora, divido com vocês a experiência, culturalmente
riquíssima, nesse diário do passeio.
Nosso tour enogastronômico foi preparado com muito carinho, a seis mãos. Nossa “equipa” ficou cerca de um ano estudando rotas, passeios,
restaurantes e as melhores opções de entretenimento na área da enogastronomia.
Só tenho a agradecer aos meus
super parceiros: João Carvalho, do grupo DFE - nosso parceiro, que com todo conhecimento,
alegria e profissionalismo (nosso coração em Portugal) fez todas as pontes e
parcerias para que tudo funcionasse perfeitamente, e Carolina Vilella, da agência Taste The World,
que me convidou para este desafio de montar uma viagem personalizada para os
amantes do vinho e tornou este sonho possível. E a todos os companheiros de
viagem, as 15 pessoas que embarcaram nesse grande sonho conosco.
Vou contar um pouquinho de como
foi a nossa viagem e, ser der vontade de ir, 2018 tem mais!
Dia 22 de setembro – Porto
O primeiro dia foi intenso! Para que descansar
com tanta coisa bacana para fazer, tanto para aprender e degustar?
Chegamos a Porto perto do meio-dia.
Malas no hotel e como ainda tínhamos um tempinho antes de fazer o check in fomos para um almoço rápido no
O Conga, restaurante de petiscos típicos portugueses. Provamos alguns, como o
Papas de Sarrabulho, as famosas Bifanas e a, não menos famosa Francesinha.
Tempinho para descansar e fazer o
check in, seguimos para o Instituto
do Vinho do Douro e do Porto (IVDP), num prédio histórico maravilhoso no centro
do Porto. Manoel, provador oficial do Instituto, atenciosamente nos levou para
conhecer todas as instalações, inclusive laboratórios, salas de prova e, claro,
sala de degustação. Foi lá que fizemos uma degustação harmonizada de três
diferentes tipos de vinhos do Porto: branco seco, tawny 10 anos e ruby LBV 2011,
sob a orientação do próprio Manoel. Aula didática, prática e muito saborosa!
Para finalizar o dia em grande
estilo, em Vila Nova de Gaia, fizemos um tour
guiado na Graham’s com degustação de Porto Tawny 20 anos e LBV 2011. Na espera
para o jantar no restaurante Vinum, drink de Porto com tônica, apreciando a
deslumbrante vista da cidade do Porto. O jantar foi maravilhoso desde as
entradas até a sobremesa e sempre regado a vinhos também deliciosos!
Voltamos para o hotel cheios de
novas experiências, conhecimentos e novos amigos. O entrosamento do grupo foi
perfeito.
Dia 23 – Porto
Depois de uma noite bem dormida para recuperar
as energias, nada como uma aula de culinária seguida de almoço, tarde livre
para passeio e jantar de frutos do mar e peixes!
O segundo dia começou mais
tranquilo, para que o grupo pudesse se refazer da viagem. O primeiro
compromisso foi uma aula de culinária no badalado restaurante Oficina do Chef
Marco Gomes. Ele mesmo nos recebeu com exclusividade para ensinar uma receita
maravilhosa, passo a passo, dentro de sua cozinha. Não é para qualquer um!
Depois da aula, que ainda incluiu
dicas do Marco para o preparo de bacalhau, sentamos para o almoço. A entrada
foi a mais pedida do restaurante e assinatura do chef: ‘ovo’ de foie gras
recheado de compota de figo em casca de chocolate branco em ninho de alho-poró.
Que espetáculo! Os pratos principais e sobremesa - fantásticos, ficaram à
altura da entrada. Todos harmonizados com vinhos da Quinta do Soque. Verdadeira experiência enogastronômica!
A tarde foi livre para quem
quisesse curtir um pouquinho do Porto ou descansar para o jantar. A farra não
tem fim! Fomos para Matosinhos no terraço do restaurante O Valentim para nos
deliciarmos com peixes e frutos do mar. Percebes, polvo, lula, sardinhas e um
delicioso dourado. Harmonização maravilhosa com o vinho branco da Quinta dos Poços.
Dia 24 - Minho
Dia repleto de experiências enogastronômicas!
O dia foi reservado para
conhecermos um pouco do Minho e dos vinhos verdes. A primeira parada foi na
Quinta dos 9, projeto de família do enólogo Antonio Rosas da 2PR. Rosas é um
mestre e, com toda sua didática, nos apresentou as vinhas, contou histórias e
explicou sobre o processo de cultivo. Depois, conhecemos suas novas instalações
e equipamentos para vinificação, sempre com Antonio nos dando uma boa aula!
De lá partimos para almoçar na
Confraria do Pudim Abade de Priscos. Espumante da Quinta dos 9 para nos
recepcionar, deliciosos petiscos e uma aula de preparo do famoso pudim com
Albina, uma expert no preparo da iguaria. O almoço foi uma festa! Cabrito
assado no forno à lenha, muitos vinhos, finalizando com o pudim harmonizado com
o vinho da Madeira Barbeito Boal 10 anos.
Que espetáculo! Além de aprendermos a fazer esta delícia, fomos entronizados pelas
mãos de João Carvalho, do Grão Mestre e do Presidente da confraria.
A farra não acabou por aí. Da
confraria, fomos para
a Quinta da Lourosa, onde pudemos conhecer a paixão com que seus donos fazem
seu trabalho. Todos recebidos com muito carinho pela Joana e seu pai, Rogério
de Castro, professor e conceituado cientista no estudo da vinha.
O dia, ou melhor, a noite,
terminou no moderno e lindo Hotel Monverde, para um banquete. Fomos recebidos por
Diogo, responsável pelo marketing da Quinta da Lixa, que nos deu o prazer de
sua companhia durante o delicioso jantar harmonizado com seus vinhos.
Dia longo e bastante produtivo.
Dia 25 – Douro
Douro! Douro! Douro!
O quarto dia começou cedo.
Pegamos o trem na maravilhosa Estação São Bento (considerada uma das mais
lindas do mundo) com destino a Peso da Régua. Paisagens lindas pelo caminho.
Em Peso, passeio pelo museu do
vinho do Douro para uma boa introdução, seguido de almoço num acolhedor
restaurante local, acompanhados pelos enólogos da 2PR: Antônio Rosas, Filipa
Pizarro e Flávia que nos apresentaram os novos vinhos do grupo, o 2PR reserva,
o Iter (projeto da Filipa) e o 2PR Grande Reserva, magníficos!
De lá seguimos para a Quinta do Tedo, onde fomos recebidos
pelo competentíssimo enólogo da Quinta, Jorge Alves! Visitamos o túnel/adega
escavado na montanha, que está em processo de finalização, que tem como
finalidade abrigar as barricas e as garrafas da Quinta do Tedo. Fizemos provas
de vinhos ainda em estágio nos tonéis de carvalho e depois seguimos para o
terraço, onde Jorge nos orientou numa degustação de seus vinhos secos Colheita,
Reserva e Grande Reserva além dos Porto Tawny 20 anos, LBV 2011 e Vintage 2015!
Uau!
De lá, alguns minutinhos de
descanso no hotel para mais uma experiência enogastronômica: jantar no badalado
Hotel Six Senses. Foi um verdadeiro estimulo aos sentidos: drink Porto/tônica,
petiscos deliciosos e um banquete dos deuses com os vinhos não menos deliciosos
DFE (Douro Family Estates) - um
luxo! O destaque ficou para a novidade do grupo DFE, um vinho feito em parceria
com uma produtora de vinhos italianos da região da Toscana. O Douscana é um corte de Touriga Nacional
e Sangiovese. E não é que a combinação ficou incrível?
Dia 26 – Douro
Para os amantes do vinho uma verdadeira
imersão. Quanto aprendizado! Muitas experiências fabulosas num só dia.
Para a visita muito especial na Brites Aguiar, todos preparados, com
direito a camisas personalizadas, já que iríamos passar por uma série de provas
e acompanhar processos onde poderíamos nos manchar de vinho. Talvez tenha sido
aí o momento mais especial da viagem para os amantes do vinho. O mestre Antônio
Rosas nos preparou uma aula prática sobre a fermentação. Pudemos acompanhar
todo o processo, desde o preparo das leveduras e sua introdução na cuba que
estava pronta para começar a fermentação, a medição do peso do mosto e
avaliação de cada estágio da fermentação. Experiência rara para quem é de fora
do mundo da enologia e muito enriquecedora. Uma aula para lá de especial. E não
parou por aí. Além das provas do mosto em cubas, provamos os vinhos que estavam
estagiando em barricas de carvalho e finalizamos com os magníficos Bafarela Grande Reserva e Brites Aguiar 2014. Que espetáculo!
A segunda parada foi para um
almoço na aldeia vinhateira de Trevões em companhia do produtor Antonio Alfredo
da Quinta das Bajancas. Sua
simpatia, simplicidade e receptividade são únicas. A comida acolhedora com
pratos típicos e deliciosos. Para as harmonizações, começamos com o Bajancas Reserva Branco e depois os Bajancas tintos Colheita e Reserva. Para
variar, todos incríveis. Aproveitando que estávamos em companhia de Antônio,
por que não visitar suas vinhas e conhecer de perto seu trabalho? Todos na
traseira de pequenos caminhões, destes que são usados nas colheitas, bem
rústicos mesmo, sentados nos caixotes que armazenam as uvas, prontos para um
passeio de aventura e muita descontração.
Ah, o dia não terminou aí! À
noite, jantar no refinado Hotel 5 estrelas Vintage House com um desafio: um
jantar totalmente harmonizado com vinhos do Porto. Desafio e tanto, a
experiência foi bastante interessante. Algumas harmonizações funcionaram melhor
que outras, mas de forma geral instigante e deu o que pensar. Que dia!
Dia 27 – Douro
Vivenciando um pouco mais dos costumes e
histórias de uma região tão rica.
Nada de cair na mesmice. Nossa
saga continua! Começamos com uma visita à Quinta
dos Poços. Como esta era bem próxima ao hotel, o desafio era ir caminhando
por entre as vinhas locais. Sol forte e terreno acidentado deram uma mostra de
quão árduo é o trabalho nos patamares e socalcos das vinhas do Douro.
Nos Poços, os proprietários Dr.
Guimarães, D. Maria Luisa e a filha Luisa nos receberam com muito carinho.
Quanto capricho! Fomos presenteados com uma divertida apresentação de teatro
com um pouco da história local. Como não poderia deixar de ser, drink Porto/tônica
e petiscos deliciosos: queijos locais, alheiras e morcela. Daí, seguimos para
um almoço muito especial. O pranto principal foi um veado caçado por nosso anfitrião
mor, João Carvalho. Harmonizado, claro, com os deliciosos vinhos da Quinta dos Poços. Que presente divino!
Do Colheita ao Reserva, para o Grande
Reserva e terminando em grande estilo com o MGXXI Reserva da Família. Um show!
Para fazer a siesta, um passeio de barco pelo Douro. Banho tomado, destino de
despedida do Douro: o famoso DOC do chef Rui Paula. Um banquete refinado com a
presença de mais um produtor do grupo DFE,
Antônio Vicente da Quinta do Soque.
O menu estava incrível, uma viagem gastronômica que ficou ainda melhor com os
vinhos do Soque. Rosas e Filipa também nos acompanharam neste encontro
maravilhoso onde fomos apresentados a mais uma novidade, o vinho sonhado por
João Carvalho, o Palanque. Vinho de
personalidade com alma de caçador.
Dia 28, 29 e 30 – Dão – Bairrada – Fátima – Lisboa
Mais conhecimento e grandes experiências
gastronômicas.
Seguimos com destino à Bairrada,
com direito a uma parada no Dão. Nosso almoço foi em Santar onde, em companhia
de Ana Paula, representante do grupo, conhecemos a Casa de Santar, suas vinhas,
adegas e seu trabalho. Para encerrar nossa visita, um caprichado almoço no
salão do imponente solar do sec. XVII restaurado pelo grupo. De lá, seguimos para Coimbra. Noite livre para
descanso, afinal, até agora nada de momentos de folga...
De manhã seguimos para o Buçaco.
Visitamos o majestoso Palácio, hoje transformado em um hotel 5 estrelas, acompanhados
por Antônio Rocha, responsável pelos vinhos do hotel, que nos apresentou, não
só as instalações, como nos abriu as portas de sua impressionante adega. Vinhos
históricos e muito antigos. Um espetáculo! E para melhorar fomos presenteados
com um raro e especial vinho da adega, um Buçaco Vinha da Mata safra 2001.
Finalizamos nossa visita com um passeio pela linda mata do Buçaco.
De lá seguimos para o famoso
Pedro dos Leitões. E deu para entender o porquê de sua fama. Fomos recebidos
por Felipe, filho de Pedro, que nos levou para fazer um tour completo. Foi ele que nos apresentou suas instalações e todo
processo que vai desde o abate até o preparo, temperos e os fornos que chegam a
assar impressionantes 150 leitões por dia.
Antes do almoço, João pediu para
que o sommelier do restaurante preparasse uma degustação às cegas de vinhos
brancos de regiões que não visitamos para que nosso tour ficasse ainda mais completo. Não resisti e lancei um desafio.
Já que era uma degustação às cegas, pedi ao sommelier que nos passasse o máximo
de informações sobre os vinhos para que tentássemos identificá-los. Desafio
difícil, um exercício de humildade.
Depois fomos para a mesa de
almoço para mais um banquete. Entradas típicas a base de fígado e miúdos e como
prato principal o aguardado leitão à Bairrada. Hummmmmm!
Completando nosso tour na Bairrada, uma degustação de
espumantes da região com aula sobre o tema. Para finalizar, um jantar na
vinícola design Quinta do Encontro. Ufa!
Quase todos ‘mortos’, malas
prontas para nosso destino final, Lisboa. Parada estratégica no Santuário de
Fátima, que está completando seu centenário. Momento de agradecer e refletir. E,
finalmente, chegada a Belém onde o grupo se despediu.
Foi uma viagem
maravilhosa! Obrigada a todos que compartilharam dos nossos sonhos! Ano que vem
tem mais!
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