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sábado, 1 de agosto de 2009

Um atentado contra a cultura


Ontem foi publicado no Terra um artigo da jornalista Vera Gonçalves de Araújo sobre uma "disputa" política sobre a venda de vinhos em certos estabelecimentos. O que queremos trazer aqui não é apenas o conceito de fast food dos italianos (que, cá pra nós, não tem nada a ver com o nosso), mas, principalmente, o estrago que uma decisão política pode fazer em uma cultura tão fantástica quanto à italiana. Vejam o texto:


A tripa é de esquerda ou de direita?

O novo prefeito de Florença, Matteo Renzi, tem 34 anos e está inaugurando a sua administração com uma batalha de desobediência civil para defender uma das tradições mais antigas da cidade: o sanduiche de tripa com copo de vinho que é a refeição típica do "fast food" florentino.

O "lampredotto" - um sanduiche de tripa e pão - sobreviveu a todas as campanhas contra o colesterol, contra a obesidade e até à vaca louca, mas pode sucumbir diante da proibição de beber álcool nas ruas da Europa.

Desde que o ministério da Saúde italiano decidiu aplicar as regras decididas em Bruxelas para conter a exuberância dos "hooligans" do continente, famosos por seus pileques homéricos antes, durante e depois dos jogos de futebol, os 200 "trippai" de Florença correm o risco de uma multa de 12 mil euros se venderem um copo de vinho junto com os seus sanduiches muito pouco light. Depois de meia-noite, a multa chega a 30 mil euros.

Segundo os defensores do "lampredotto", não é possivel comer o sanduíche sem um gole de vinho tinto, preferivelmente Chianti, que facilita a ingestão e a digestão do prato. O prefeito, apesar de jovem, se declarou tradicionalista: "esta lei é uma desgraça que precisa ser abolida" - explicou Renzi, eleito pela centro-esquerda. E ameaçou expulsar da bancada do governo os vereadores que decidirem apoiar a medida contra o "gottino", o copo de vinho que acompanha a tripa.

Em várias cidades italianas, como Milão, as prefeituras estão baixando portarias contra a venda de bebidas alcoólicas a menores de idade. Nas rodovias, os bares e restaurantes estão proibidos de vender álcool depois da meia noite. Mas Matteo Renzi frisa que a sua luta contra a "lei burra" de Bruxelas não é a favor do álcool, mas simplesmente em defesa de uma antiga tradição que tem raízes na Idade Média, quando Florença era independente e feliz.

Renzi ganhou as eleições se apresentando como candidato de uma esquerda mais moderna e menos rançosa do que a tradicional "sinistra" italiana. Em sua campanha vitoriosa, usou a internet com inteligência incomum para um político italiano. Mas agora se apresenta como defensor da tripa à florentina. O seu adversário de direita, o ex-goleiro Giovanni Galli, ainda não se manifestou a respeito do assunto.


Fonte: Terra

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