Por Gilmara Vesolli - sommelière sem superolfato
Sim, esse texto é para você que tem
vontade de se encolher só por pensar em uma degustação de vinhos.
Afinal, fala-se de coisas a princípio inimagináveis: aromas
diversos, texturas e outras coisas aparentemente perceptíveis apenas
para pessoas superdotadas de sentidos.
Serão cinco textos, postados
semanalmente, para que você possa colocar em prática o que
aprender. Longos, mas pedagógicos. E nada sonolentos, prometo.
Para que possamos entender a
degustação, vamos destrinchá-la, observar sua estrutura e sua
articulação e só depois que não houver mais segredos passaremos à
parte prática. Me acompanha?
Falar em degustação de vinhos é
também falar em evolução humana. Portanto vamos começar nossa
jornada há milênios, quando ovos não vinham de supermercados, não
existia papel higiênico e o homem andava sobre 4 patas.
Nesse tempo sem linguagem, quando
supostamente falávamos apenas “uga-uga!”, sem energia elétrica
ou armas de caça, o homem primitivo necessitava do olfato muito mais
que de qualquer outro sentido.
Pelo nariz ele percebia a presença do
inimigo, da caça, da fêmea no cio. Em uma noite do mais absoluto
breu valia mais saber as diferenças sutis entre o cheiro do veado ou
do leão. E também ouvir, muito bem. Ter um bom olfato significava a
diferença entre a vida e a morte.
Nessa era distante estávamos com o
nariz bem mais próximo ao solo onde está uma enorme parte dos
cheiros, o que os tornava corriqueiros.
Para que você tenha uma ideia da imensa
importância do olfato para o homem primitivo, o centro reponsável
por sua decodificação – sistema límbico – é uma das partes
mais primitivas e protegidas do cérebro. Fica localizado entre as
sobrancelhas, mas muito mais para trás. É muito difícil atingir
esse centro e mais difícil ainda danificá-lo.
Acredita-se que a
nossa capacidade de sentir e expressar emoções tenha se
desenvolvido a partir de
células olfativas. Portanto, primeiro aprendemos a cheirar e usar
nosso olfato para só então sentir emoções!
Ainda curioso?
Semana que vem tem a segunda parte do texto. Até lá!
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