Por: Gilmara Vesolli, gastróloga formada pela Faculdade Serigy e sommelière da Casa do Vinho, nascida em Santa Catarina, criada no Paraná. Já morou em 4 das 5 regiões do país.
A região sul é sinônimo de chimarrão, Araucária, frio,
churrasco, vinho e descendência européia. A gastronomia da região é riquíssima
e teve influência dos países vizinhos (Argentina, Uruguai e Paraguai), indígenas
– daí o chimarrão – dos tropeiros que atravessaram os pampas e desbravaram a
região e dos povos imigrantes europeus, notadamente italianos e alemães.
O caldeirão de culturas resultou em centenas de pratos
apreciados em todo o Brasil e outros, bastante locais e pouco conhecidos. Como
o Barreado, comum nas cidadezinhas paranaenses de Morretes e Antonina. Ou então
a salada de radici com bacon e vinagre de vinho tinto, servida com polenta e
galeto, raramente encontrada fora da região sul. O Carneiro no Buraco, um prato
típico de Campo Mourão, no Paraná, também é raramente conhecido em outros
locais.
Pratos como o Virado de Feijão, os inúmeros pães
feitos pelas donas de casa, bolinhos de chuva fritos na banha, fortaia,
cueca-virada, dezenas de comidinhas secas e doces para comer com chimarrão, além
outras comidas do dia a dia formam aquilo que chamo de “cozinha marginal”. Essa
gastronomia só é possível ser apreciada na casa dos nativos.
A receita que escolhi remete à cozinha de fogão à lenha, forte e gorda para suportar o frio e extremamente acolhedora. É uma receita tropeira, indígena e italiana. Grande o suficiente para toda a família, é prato único e principal.
A receita que escolhi remete à cozinha de fogão à lenha, forte e gorda para suportar o frio e extremamente acolhedora. É uma receita tropeira, indígena e italiana. Grande o suficiente para toda a família, é prato único e principal.
Quirera de Frango e Bacon
Ingredientes:
500g de canjiquinha (aquele milho moído bem fininho,
encontrado em qualquer supermercado)
300g de bacon com bastante gordura
500g de pedaços de frango com ossos - asinhas e coxinhas de
asa, pescoço e demais partes pequenas
Muita salsa e cebolinha frescas picadas
Alho picado grosso
Sal a gosto
Água
Modo de fazer:
1- Corte o bacon em cubos grandes, em torno de um dedo de
espessura
2- Em uma panela grande (o volume da canjiquinha vai
triplicar) de fundo grosso, preferencialmente de ferro ou pedra, coloque o
bacon em cubos e deixe-o derreter em fogo brando. Quando estiver bem frito,
retire e reserve. Mantenha a banha do bacon na panela. Esse não é o momento
para pensar nas artérias.
3- Coloque os pedaços de frango na gordura do bacon junto ao
alho. Deixe fritar muito bem até que grude no fundo, dourando, mas sem queimar.
Esse método faz com que o frango ganhe muito sabor e esse seja transferido para
o restante dos ingredientes.
4- Coloque a canjiquinha e misture bem com uma colher de
pau. Deixe-a esquentar e em seguida cubra tudo com água deixando dois dedos
acima. Deixe cozinhar mexendo de vez em quando e tomando cuidado para que a
água se mantenha dois dedos acima da superfície até o final do cozimento.
Acrescente mais sempre que necessário.
5- O tempo de cozimento gira em torno de 40 minutos e para
saber se chegou o momento de retirar, experimente. Ela deverá estar
completamente cozida.
6- Pouco antes do processo de cozimento acabar, acrescente a
salsinha, parte da cebolinha e o sal. Lembre-se que o bacon, que será
adicionado ao final já tem sal, portanto coloque menos nesse momento e corrija
depois de acrescentar o bacon.
7- No momento de servir acrescente o bacon e mexa bem. Isso
manterá sua crocância e dará um toque especial à quirera. Corrija o sal se
necessário, coloque o restante da cebolinha sobre a quirera e sirva.
Dicas:
- Se preferir salpique queijo parmesão sobre o prato
- O frango pode ser substituído por linguiças ou carne de
porco
Harmonização: Apollonio Fanali rosé
Porque: é um vinho rosado diferente de tudo, inclusive na cor que está mais para laranja que para rosado. Potente, aromático, de bom corpo e boa acidez. Combina com o peso e gorduras do prato.
Porque: é um vinho rosado diferente de tudo, inclusive na cor que está mais para laranja que para rosado. Potente, aromático, de bom corpo e boa acidez. Combina com o peso e gorduras do prato.
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