Após quatro dias de muito trabalho na Vinitaly, nada como
uns dias de descanso. Nossa escolha não poderia ter sido melhor, ficamos dois
dias hospedados no Mas Du Soleilla em La Clape, Languedoc. Considerado pela Wine
Spectator 2007 “Melhor Produtor do Sul da França”, alia a produção
com serviços de enoturismo. Além da beleza natural da região, a calma e
a tranqüilidade do local foram reconfortantes.
Acordar cedo, abrir a janela e se ver cercado de vinhedos e
com vista para o mar Mediterrâneo ao fundo é de tirar o fôlego. Hospitalidade
nota mil e ainda passeios pelas vinhas junto com Peter Wildbolz, o produtor,
que fez questão de nos mostrar cada pedacinho de suas terras. Tivemos
verdadeiras aulas in loco, uma imersão no mundo dos vinhos.
Acompanhar de perto cada detalhe do seu trabalho, ouvir seus
depoimentos e tentar compreender sua visão sobre a produção foi uma experiência
muito enriquecedora. Peter tem formação de engenheiro agrônomo e larga
experiência na produção de vinhos.
Seus olhos estão sempre atentos a tudo que
se passa em seus vinhedos e cada um tem sua historia, como o Clôt de L’Amandier,
todo cercado por vegetação nativa exuberante, já foi fundo de lago e a 100 anos
atrás já existia ali um vinhedo, mas com a crise de 1929 foi substituído por
uma plantação de amêndoas. Com a entrada das amêndoas americanas, mais baratas,
no mercado francês, a produção foi interrompida e há aproximadamente 50 anos
novas vinhas foram plantadas ali. Hoje resta apenas um exemplar de amendoeira e
um vinho cujo nome carrega um breve resumo de sua história.
Além das experiências em campo tivemos também ótimas
experiências na mesa. Nossos jantares, além de deliciosos e sempre em
agradáveis companhias, harmonizados com os vinhos da vinícola. Para nossa
surpresa, tivemos o prazer de provar vinhos que infelizmente não são mais
produzidos e vão ficar na memória. Provamos
também o La Reserve Blanc
de safras variadas e pudemos acompanhar e nos encantar com sua evolução. Em
seguida uma degustação de diversos vinhos da Soleilla e para terminar, um
jantar especial, perna de porco selvagem harmonizado com Clôt de L’Amandier.
Muita conversa, muitas risadas e muitas histórias para contar.
No segundo dia fomos ver de perto seus galpões de produção,
envelhecimento e estocagem. Mais uma aula detalhada de como tudo acontece. Mas
Peter gosta de frisar que o trabalho mais importante é o da natureza e que ele
tenta interferir o mínimo possível. Seus novos planos incluem alterações na
estrutura da vinícola, tanto na parte social para aumentar o número de quartos
para hospedes como na parte produtiva. Ficamos sabendo de primeira mão de seus
planos para um novo processo de amadurecimento dos vinhos, onde ele pretende
eliminar as barricas para tirar toda influência do carvalho deixando seus
vinhos ainda mais puros. Pelo que pude conhecer do seu trabalho, tenho certeza
que boas novidades virão num futuro próximo.
Gostaria de dedicar este post a Peter e Christa pelo carinho
com que fomos recebidos e por tudo que aprendemos por lá.
Por: Luiza Martini
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