Por: Gilmara Vesolli, sommelière da Casa do Vinho Famiglia Martini
Uma inverdade um pouco mais recente diz que uvas ruins não produzem
vinho bom. Com a tecnologia que a enologia possui hoje em dia isso é
possível, sim. O vinho se transforma graças ao uso da Osmose Reversa e leveduras,
principalmente.
A Osmose Reversa é feita com uma máquina caríssima, usada
normalmente em grandes vinícolas que produzem vinhos mais baratos e em grande
quantidade. Submeter o vinho a uma osmose seria diluí-lo. A Osmose Reversa
concentra-o ou tira parte do seu álcool.
A falha que ocorreu na maturação da uva (pouca ou muita,
resultando em mosto diluído ou excesso de açúcares que gerarão muito álcool) é
compensada através da Osmose Reversa. O engenheiro que criou a máquina
Vinovation (na Califórnia, no final dos anos 80) Clark Smith, foi apelidado de
Dr. Frankenwine. Clark Smith declarou em entrevistas que há centenas de
vinícolas ao redor do mundo usando sua máquina. Mas jamais revelou o nome dos
seus clientes.
As leveduras são pequenos seres vivos responsáveis pela
fermentação. Existem diversas famílias de leveduras que produzem iogurtes,
pães, cerveja e vinho, e outras que azedam, apodrecem e deterioram. A ciência e
a enologia ocuparam-se em separar umas das outras e criar em laboratório
leveduras específicas para cada tipo de uva ou vinho. Continuou evoluindo ao
ponto de hoje em dia uma vinícola ser capaz de transformar completamente a uva
a depender da levedura escolhida. Pode-se criar vinhos mais ou menos frutados,
com aromas específicos ou da moda, por exemplo. E também é possível fazer
coisas ainda mais drásticas como transformar uma uva grega em um vinho com
características típicas do Chile.
Há uma enorme discussão a respeito desses métodos. Muitos
condenam, outros acham ser necessário ou inevitável e alguns aceitam como
natural. Qual é a sua opinião a respeito? Deixe um comentário!
Como não temos nenhum vinho fruto de
osmose reversa para indicar, nossa sugestão fica com esses vinhos bons por natureza:
A Mas du Solleila preza pela pouca interferência no momento da transformação da uva em vinho. Todo o cuidado vai para a videira, bem como a natureza. O produtor, enólogo e engenheiro agrônomo Peter Wildboz, está usando cada vez menos o carvalho. Seu objetivo é substituir barricas por 'ovos' de concreto para eliminar o sabor da madeira. Ele acredita que suas uvas geram por si um vinho tão perfeito que seria um pecado alterar seu sabor. Concordamos com Peter!
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